De injogável a recordista de vendas, CS Global Offensive completa cinco anos

De injogável a recordista de vendas, CS Global Offensive completa cinco anos

Hoje consolidado como um dos principais jogos dos esportes eletrônicos, o Counter-Strike Global Offensive demorou a cair nas graças do público e dos pro-players.

Lançado em 21 de agosto em 2012 – e portanto completando cinco anos -, o jogo recebeu muitas críticas no início e só alcançou o sucesso após a desenvolvedora, Valve, intervir com atualizações e suporte ao cenário competitivo.

Revelado em agosto de 2011, o CS:GO começou a ser desenvolvido um ano antes, em março de 2010. A ideia inicial era que o jogo fosse somente uma versão do Counter-Strike Source voltada para videogame. Mas, como a Valve viu potencial no título, decidiu que o Global Offensive não seria apenas uma extensão de outro, e sim um jogo completo.

Para o vice-presidente da Valve, Doug Lombardi, o “novo CS” vinha com a promessa de “expandir e entregar a todos os jogadores a premiada jogabilidade da série Counter-Strike, que nos últimos 12 anos continuou a ser um dos jogos mais populares do mundo, liderando torneios competitivos e vendendo mais 25 milhões de unidades em todo planeta, durante toda a franquia”, disse o executivo, na época do lançamento.

O período de testes começou em outubro de 2011. Inicialmente, só tiveram acesso à versão beta os cyber-atletas convidados pela Valve e aqueles que ganharam chaves do jogo em eventos. No mesmo mês, duas partidas de exibição com a presença de profissionais foram realizadas no Global Challenge New York, evento válido pela 6ª temporada da Intel Extreme Masters (IEM).

O primeiro contato do público com o CS:GO não foi bom, e grande parte da comunidade criticou bastante o jogo por conta da difícil jogabilidade e da mecânica que não se parecia com a do CS 1.6, versão mais popular da franquia em todos os tempos. Entre os críticos, renomados jogadores profissionais como o polonês Jakub “kuben” Gurczyński, campeão de importantes torneios como World Cyber Games (WCG), em 2006, 2009 e 2011, e Electronic Sports World Cup (ESWC), nos anos de 2008 e 2009.

Em uma entrevista ao site HLTV.org, em março de 2012, o jogador fez duras críticas ao “novo CS”. “CS:GO é injogável. Tudo lá é tão aleatório. Você não precisa ser perfeito e treinar por horas, como no 1.6, para ser o melhor”, analisou kuben. Questionado, na época, se tinha medo sobre o fim da era do CS 1.6, o pro-player disse que “não” e que esperava “que desenvolvam o 1.6 com melhores gráficos e com a mesma engine”.

Tomi “lurppis” Kovanen também não poupou a Valve e o CS:GO de críticas, ainda durante a fase de testes do jogo. O finlandês apontou problemas nos mapas desenvolvidos para o “novo CS” e no recoil das armas. Contudo, na visão do jogador, esses não eram os principais defeitos do game, mas sim a falta de sensibilidade da desenvolvedora em escutar os cyber-atletas.

“Qual é o meu problema [com o CS:GO]? Eles clamam pela opinião dos profissionais do CS 1.6, com objetivo de criarem um bom jogo e atrair os jovens, para que comprem o game e pratiquem na esperança de se tornarem bons. Mas essa é uma mentira de 110%. Esse é o meu problema. Ou ouça-nos, ou pare de mentir para o público”, esbravejou lurppis em entrevista ao PC Gamer, também em março daquele ano.

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Counter-Strike Global Offensive foi lançado em 21 de agosto de 2012 (Foto: Divulgação)

Até o lançamento da versão final, em agosto de 2012, mudanças foram realizadas, mas não na quantidade necessária para cessarem as críticas. A cada atualização pós-lançamento, o CS:GO tomou corpo e, à medida que os eventos de e-sport passaram a adotá-lo, caiu nas graças do público.

Os elogios surgiram aos poucos, sempre quando a desenvolvedora trazia grandes novidades, como o sistema de matchmaking, o ranqueamento dos jogadores e a possibilidade de compra e venda de skins para as armas, ou quando foram realizadas mudanças que impactaram positivamente o gameplay do CS:GO, como a atual mecânica de arremesso de bombas, a revisão geral dos armamentos e as melhorias nos mapas e na movimentação dentro do jogo.

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CS:GO passou por mudanças desde o lançamento, como no menu de compras (Foto: Reprodução)

Já com o game tendo boa jogabilidade, o foco dos cyber-atletas mudou para o estado do cenário competitivo, que à época não tinha grandes campeonatos. No primeiro ano de CS:GO lançado, por exemplo, dez torneios a nível mundial foram realizados, sendo que nenhum deles teve premiação acima de US$ 50 mil.

Hoje à frente do SK Gaming, o brasileiro Gabriel “FalleN” Toledo foi um dos que bradaram pela ajuda da Valve no cenário competitivo, na época. Em junho de 2013, em publicação no próprio blog, o jogador disse que “esperava muito mais do CS:GO e do desenvolvedor por trás do jogo. Eu esperava algum incentivo para que todos desejassem mudar de jogo, ao invés de serem forçados a fazer isso porque não há outra opção”.

“Torneios internacionais? Eles ainda estão acontecendo, mas não tão grandes como eram [na época do CS 1.6], mas eles ainda não têm o apoio da Valve. A falta de apoio da Valve nos afeta diretamente. A comunidade está buscando alternativas e quantos jogadores já decidiram mudar de modalidade? Está é uma declaração de alguém que experimentou coisas maravilhosas graças a este jogo, de alguém que sabe que muitos outros passaram pelo mesmo”, escreveu o capitão.

Poucos meses após o clamor dos cyber-atletas, a desenvolvedora revelou a primeira ação de suporte aos torneios. Com a atualização “Arms Deal”, em outubro de 2013, que lançou o comércio de skins de armas, a Valve anunciou que iria reverter uma parte do valor de todas as negociações para as competições. Assim nasceram os majors, sendo o primeiro deles a DreamHack Winter 2013, que, com a ajuda da comunidade e da empresa, teve premiação de US$ 250 mil.

Daí em diante, tanto o CS:GO como o competitivo do jogo não pararam de crescer. Os números alcançados pelo “novo CS” nos primeiros cinco anos são impressionantes.  São as 24,9 milhões cópias do Counter-Strike Global Offensive vendidas até 2016, conforme levantamento pelo site SteamSpy. Com isso, o jogo desenvolvido pela Valve tornou-se o mais vendido para PC de todos os tempos, superando o Minecraft, que vendeu 24,5 milhões de unidades.

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Fiflaren na DreamHack Valencia 2012, um dos primeiros torneios a ter CS:GO (Foto: HLTV.org)

Já se tratando do cenário competitivo, o estado atual é bastante diferente do vivenciado nos primórdios da modalidade. Além dos majors, que são considerados os mundiais, há também os minors, criados no fim de 2015 com o objetivo de dar oportunidade a jogadores que não participam de eventos maiores de se destacarem no cenário internacional. Estes campeonatos servem como seletivas para aqueles que recebem apoio da Valve e possuem premiação de US$ 50 mil.

Ao todo, 11 majors já foram realizados desde 2012. Juntos, distribuíram US$ 5,5 milhões em prêmios. Nos oito primeiros meses deste ano já foram realizados 12 torneios de grande expressão, mais do que em todo o primeiro ano do CS:GO. Se na época a maior premiação não passou dos US$ 50 mil, o menor prêmio de uma competição disputada em 2017 foi de US$ 125 mil e o maior, de US$ 1,5 milhão.

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Counter-Strike Global Offensive tornou-se jogo mais vendido da história (Foto: Divulgação)

História do Counter-Strike

Um dos maiores jogos de computador da história nasceu de maneira inusitada. O Counter-Strike, inicialmente, era pra ser apenas uma modificação de outro título, o Half-Life, da Valve, sendo desenvolvido por Jess Cliffe, que deu o nome ao jogo, e Min “Gooseman” Le, programador que ficou bastante conhecido por, sozinho, ter criado dois mods bastante populares para Quake e Quake 2.

A primeira versão beta do CS foi lançada em junho de 1999, com o jogo sendo atualizado semanalmente. Após um longo período de testes e 19 importantes atualizações, a versão final foi lançada em novembro de 2000, já sob a tutela da Valve e com o nome de Half-Life: Counter-Strike, que ficou conhecido como CS 1.0.

De lá para cá, o jogo teve outras nove versões, sendo o CS 1.5, lançado em 2002, e o CS 1.6, que veio a público no ano seguinte, as de maior destaque. O Counter-Strike 1.6, inclusive, foi a versão do jogo que mais marcou os jogadores, perdurando até a popularização do CS:GO.

Datas de lançamento das versões do Counter-Strike:
CS 1.0: 8 de novembro de 2000
CS 1.1: 10 de março de 2001
CS 1.2: 12 de julho de 2001
CS 1.3: 19 de setembro de 2001
CS 1.4: 24 de abril em 2002
CS 1.5: 12 de junho de 2002
CS 1.6: 15 de setembro em 2003
CS Condition Zero: 21 de março de 2003
CS Source: 11 de agosto de 2004
CS Global Offensive: 21 de agosto de 2012

Fonte: MyCBN

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